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Channel: Encontro de Coletivos Fotográficos Ibero-Americanos
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Retornos

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Tenho certeza de que esse Encontro vai ser plural também no retorno que recebe da comunidade fotográfica, quase como uma mão inversa (sua reposta) ao que proporcionou.

De imediato, Pio Figueiroa (Cia de Foto) recebeu o email abaixo, um dos primeiros sinais concretos da sinergia desse evento:

“Olá.

O ENCONTRO foi memorável. Não apenas pela produção coletiva de coletivos, mas por permitir aos espectadores, voyeurs da produção (valeu Garapa!), confrontar os trabalhos (valeu, Galeria Olido?), considerando que todos advieram da mesma plataforma: os coletivos fotográficos.
Escrevo este comentário aqui, pois ao olhar a exposição da Galeria Olido, o trabalho de Cia de Foto me pareceu espantosamente deslocado. Criar um ensaio de imagens, a partir da história da linguagem de imagens é levar até o fim a pesquisa e criação pela pós-produção. Todos os outros coletivos também trabalham com uma forte pós-produção, mas todos fazem (ou procuraram fazer) referência ao mundo vivido: etiquetas nos trabalhos contavam um pouco sobre o lugar fotografado, as pessoas que ali se relacionam com o mundo de tal ou tal maneira, sofreram isso ou aquilo ou vivem no mundo de tal ou qual meneira. O deslocamento do trabalho da Cia é fazer referência direta ao mundo das imagens!!!
Muitos trabalhos da Cia são veemente criticados pela forte pós-produção, que direciona o olhar não a um lugar documentado, mas à imagem criada. Carregam consigo um “ohh que foto!” tirânico (que esmaga, deleta, muda, pisa, gospe, e faz milagre) com o que lá estava (ver depoimento de João Kehl no World Press Photo, http://www.worldpressphoto.org/movies/index.php?moviename=11KEHL.swf , em que ele conta que Garrido, dono da academia de boxe onde fez o ensaio que ganhou o Press lhe disse: “você vem aqui fotografar um monte de sem teto, em baixo de um viaduto, e agora está lá, ganhando um prêmio internacional!”).
Essa crítica com relação à pós-produção, vínculo desgostoso entre fotografia editorial x fotografia autoral para a maioria dos fotógrafos documentais que falam sobre o trabalho da Cia, perde o sentido com GUERRA, trabalho exposto na Galeria Olido. Se livrar dessa crítica (muito fácil de se fazer, difícil de entender) não é impune: a Cia é obrigada a deixar de lado a importância em relação mundo vivido para voltar o nosso olhar ao mundo das imagens, (do fotojornalismo, do documental, do autoral, sem distinção) no qual parecemos estar cada vez mais imersos (ou será que existiu sempre apenas esse mundo de imagens, de representação, desde que o homem se vê homem, e a Cia é a possibilidade de tomada dessa consciência?)

Caraca! A tomada de consciência em relação ao aparelho de fotografia possibilitado por essa pesquisa e criação de imagens através da linguagem das imagens é espantoso. (Isso é proposital, Cia de Foto?).

Presente em outros trabalhos, criticados também pela forte pós-produção, que esconde mais do que mostra o existente, mas revela que imagem é imagem, sem o romantismo do documental, a linguagem de GUERRA é a realização da tentativa de levar a cabo contar histórias por imagens através da própria existência histórica das imagens.

A não ser que a crítica volte a ocupar seu lugar,
acredito que como fotógrafos não podemos ter a vaidade
de gostar ou desgostar em público de um trabalho fotográfico.
Seria expor a nossa falta de vontade para entender o que é
tachado com meia dúzia de palavras. A não ser que queiramos
continuar a apertar botões, ou nos isolar nos mundinhos
autorais, documentais, fotojornalísticos e etc. etc”

Arthur do Carmo. Curitiba/PR.


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